sexta-feira, 3 de abril de 2009

Poemas de amor

Não quero falar de poemas, nem de cartas de amor. Poemas de amor seriam para o meu amor que está doente... doente, porque não sei mais se ele existe. Transformou-se numa flor murcha pois que não lhe mudamos a água, num barco de papel que atirei ao mar, sabendo que o destino é lá onde não possa pobre barquinho voltar atrás... e ser navio de cruzadas !
Atravessar tudo como quando tinha a força de sentimento alto e verde que construí para percorrer as ruas dos meus dedos! Quero sentar-me calmamente na ponte dos meus dias futuros, não querer nem esperar nada daqueles que me rodeiam... Estar fria e seca como árvore de um Outuno lento...progressivo... Encontrar-me na passagem da mágoa para o frio sentido de me aperceber da realidade que me cerca e aí ficar muda e queda sem mais me desapontar, esperando que o Inverno chegue e me contagie com a sua frieza, me ajude a suportar este arrepio medonho que se acerca de mim que não é mais do que a tua presença, agora - incalculável - imprevisível - mas, de facto, abominável presença irónica... bola de naftalina, alguém que nos separou como se esperasse o fruto amargo da vida que assumiu, aguardando que o tempo o tempere e amadureça para o recolher vitorioso, finalmente, em suas mãos.

1979

2 comentários:

  1. Esse texto é muito lindo, e veio em boa hora.
    O amor é tão confuso, mas talvez o que seja mais confuso é viver uma vida sem ele...

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  2. Mariana,obrigada pelas suas palavras. Concordo como é óbvio com o seu comentário... já agora Porque acha que veio em boa hora este texto ?

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