
Metade de mim se obriga me a calar a voz
a chorar,a dar voltas na cadeira, no sofá ,
a perder se em insónias,
a bater com a cabeça na parede,
a dar voltas no corredor
para frente e para trás e ao invés
mas sempre se obrigando a calar
Metade de mim corteja, fala, exterioriza, abre asas, assume
chama, corre e atropela os passos para chegar antes do anoitecer
Metade de mim é pedaço de coragem
Ser actuante
Outra metade cobardia
Metade expectante
Observador discreto
E outra metade nem sei...
As memórias guardadas em caixinhas e distribuidas por andares
São fechadas com tampas
Subo o escadote da consciência e observo-as...
Lá estão elas ...estagnadas no tempo
Metade de mim abre as tampas e, qual pássaros,
permite que saiam em rodopio
apanhando alguns estilhaços
apanhando alguns estilhaços
percebo que devo fechar as tampas novamente!!
Metade de mim é memória
E outra metade... presente, isenta e despida de passado
Metade de mim é memória
E outra metade... presente, isenta e despida de passado
Revela-se a oportunidade do existir aqui e agora
Sem mágoas ou traumas
Cada dia é um novo dia
e metade de mim dá-se a si oportunidade de ver a vida com um novo olhar
metade de mim não tem passado
Metade de mim se receia
E outra metade confia plenamente
Metade de mim é história
Nasço hoje impregnada de ingenuidade e pureza
Como no dia em que aprender a andar terá sido a maior vitória.
Nasço hoje impregnada de ingenuidade e pureza
Como no dia em que aprender a andar terá sido a maior vitória.