sábado, 10 de fevereiro de 2024

Se tu soubesses (Nov. 1982)

Ah...se tu soubesses quantos nós tenho que dar nos meus dedos quanta água tenho que deitar em mim, para que não me saia este rastilho, este turbilhão de abraços que desfaço... de risos, pés descalços lareira fogueira sempre mais e mais acesa ah se tu soubesses como te olho, parecendo que não olho Estes meus olhos por onde escorre mágoa, ou água... para o caso tanto faz...tanto fez ! meus pés descalços na pureza de um abraço que não se deu Sei que se não vens à minha porta,é porque assim o escolhi Não posso roubar o que já não vive em ti Deixa-me respirar e ver outras coisas, que não verei se de mim não saires ah se tu soubesses como é difícil permanecer quieta e muda eu não sou assim matemática ou calculista Dêem-me um bilhete para a estação mais distante daqui Para o átrio de uma escola bem distante Dá-me antes pedrinhas, flores e baloiços E sai da minha frente com essa beleza irremediável ! Novembro,1982