quarta-feira, 22 de julho de 2009

Em vão...

Em vão, será achar que o amor não existe mais nas nossas vidas, achar que os pássaros não cantarão mais no nosso acordar, amar quem não se ama, o esforço para esquecer…de quanto mais nos esquecemos maior é a recordação de tudo o que nos fez sorrir, encantar ou até chorar… o desistir de nos apaixonarmos por grandes ou pequenas coisas, recusar um por de sol ou um amanhecer

Foi em vão igualmente achar que estaria à altura dos outros, não, nem sempre estou, nem sempre consigo ultrapassar a barreira do “sinto-me a mais” como hoje, em que vi a juventude distanciar-se de mim a passos pequenos e depois largos, caminharem majestosamente em frente aos meus olhos e não ter coragem para me perpetuar, para me esticar no tempo ou no vazio dos meus dias. Escrevo para me sentir acompanhada de mim mesma…têm sido dias algo estranhos, alguma neblina tem pairado neste tempo pastoso e lento que têm sido estes últimos dias na Fuzeta, em que sinto que nada volta atrás. Procuro alguma coisa que me preencha e não estou encontrando de todo… Tenho o mar à minha frente e sinto-me num deserto cheia de sede. Tenho por companhia uma brisa nocturna no terraço onde escrevo estas linhas. Tenho-me encontrado contigo em pensamento…perdi o canto onde poisava certa e segura uma parte de mim, onde as linhas das mãos se cruzavam, ,se entrecruzavam na cilada das noites, onde sim, eu tinha um lugar onde repousar, uma almofada de alfazema que alegrava e perfumava os meus dias incertos…nada é seguro, ou eterno. Apenas a amizade verdadeira repousa tranquila no nosso quotidiano. Tenho um amor que não é amor, não é tudo… é algo que ainda não descodifiquei. É um barco de certa forma à deriva, vai e vem , vem ao de cima…afunda-se logo depois…perdoa-me a expressão, é como um guarda roupa velho que de vez em quando ao abrir pode trazer cheiro de alfazema ou de bafio… dentro dele tiro peças antigas e visto-as imaginando-as novas…

Amigos…sim, estou certa de que são uma benção se forem verdadeiros, sinceros e isentos de interesse ! E…respeitadores do espaço do outro... Uma benção a eles e felizes dos que os encontraram… os abençoados !!! mas não esqueçam, nem todo o(a) amigo(a) que parece sê-lo, o é ! E agora recordo o texto de uma amiga que, nem de propósito parece ter vindo ao encontro deste estado de alerta em que me encontro “ quem gosta realmente de nós, irá entender” Por vezes este entendimento pode estender-se apenas a coisas tão simples quanto aceitarem que cada um de nós tem e precisa do seu espaço e que por vezes apreciarmos melhor a companhia de alguém, a partir do momento em que nos sentimos libertos, sentimos que estamos juntos por inteira e espontânea vontade…

terça-feira, 7 de julho de 2009

Divagando pela raça humana

Alguém disse recentemente que o amor é o sentimento mais próximo do ódio ! É terrível ouvir dizer tal coisa mas será que é assim mesmo?
Eu pergunto-me como nós conseguimos andar tanto anos das nossas vidas sem nos encontrarmos, sem nos conhecermos, sem sabermos o que queremos para a nossa vida em matéria de amores … quem gosta de nós, quantas vezes isso acontece ? Nós não estamos nem para aí virados !!! Aquele(a) de quem gostamos, não está nem aí para nós !!! Isto não é justo, no mínimo…
Mas o que acontece algumas ou tantas vezes e me dirão se estou enganada, é que o que existe por detrás do tal “ eu amo e não posso perder-te “ prende-se sobretudo ( e só mais tarde vimos a descobrir isso) com um sentimento de posse, ou melhor com um sentimento de “ não conquista “ Sabemos bem que o ser humano é um caçador nato e a questão das relações entre pessoas está muito por aí… nós queremos inconscientemente “caçar” isto ou aquilo, esta ou aquela pessoa… se não o conseguimos sentimo-nos impotentes, desarmados, vamos a correr limpar as arestas das nossas armas, areamos, passamos brilho, passamos lustro, na esperança de ainda virmos a conseguir caçar o nosso alvo amoroso, neste caso !
O ser humano é um trapalhão de primeira apanha !! Dá tanta volta e ainda não se conseguiu encontrar… talvez se parasse um pouco, de vez em quando?
O ser humano é imperfeito… sim de facto !
Aquela pessoa que conosco manteve uma relaçao e que por variadíssimas razões um dia partiu … se não foi por nossa iniciativa mas do outro, vai enquadrar-se nas tais presas que não conseguimos caçar… achamos que não conseguimos acertar no alvo …

Outro dia continuo esta divagação…

Ai...relaçóes humanas !!!

É verdade, as relações humanas têm que se lhe diga…
Na tal esquina das nossas vidas aparece esse alguém que nos eleva da nossa tranquilidade, do nosso quotidiano, que nos leva a sonhar, nos leva a concluir que, quando menos se espera, a aparente tranquilidade se desdobra num turbilhão de emoções, se transforma em alegria, entusiasmo…uma alegria diferente no acordar de cada manhã, porque sabemos poder ouvir aquela voz durante o dia, ter um desabafo, ouvir uma opinião ou um conselho…
Muito se fala de amores, de encontros…
Como disse V. de Moraes “ A vida é feita de encontros, mas há tantos desencontros nesta vida “

Uma da maiores frustrações, uma das maiores afrontas ao nosso eu, é a certeza da incompreensão…
Mal entendidos… sabermo-nos mal interpretados, ficamos desajeitados, perdidos no tempo, sentimos uma solidão que não conseguimos medir, é uma forma de impotência, um amargo de boca, uma ressaca que demora a chegar á lucidez …

A nossa vida continua, sim, levantamo-nos cada manhã na esperança do encontro com a compreensão, com o sorriso que tanto esperamos, a voz que sonhavamos ouvir dizer - sim, vamos conversar - vamos entender o que não entendemos - vamos acabar com os mal-entendidos…conversa comigo…vai, diz o que te vai na alma, que aconteceu ao beijo, ao abraço, ao diálogo leve, às histórias mutuamente contadas..mesmo que de trás para a frente, ou de frente para trás - que já as sabemos de cor - mas que importa? Falas comigo, ris comigo… em pensamento rebolas comigo na areia da praia… isso sim importa e pareceu não diluível no vento.
Cada manhã nos levantamos na esperança de um telefonema, poder ouvir aquela voz que julgávamos amiga, voz amiga que parecia melodia ao ouvido…essa tarda a chegar…
O ser humano tem mesmo muito que se lhe diga !!!!! Como se não bastasse, esquecemo-nos que estamos de passagem, que tudo é aprendizagem e a recusa dessa mesma aprendizagem denota falta de inteligência… não é que não sejamos inteligentes…mas quando não usamos a inteligência que nos é própria de nós, seres humanos, supostamente seres pensantes, tornamo-nos efectivamente pouco inteligentes… e depois vem a história da humildade, da mente aberta …único caminho para a compreensão -…
Interrogo-me vezes sem contas : como é possível que desperdicemos cada grão de experiências que o universo deixa cair aos nossos pés..? Não conseguiremos entender que nada é por acaso? Que toda a semente que foi deixada ali á nossa mercê tem um propósito ? Como é possível que não encarnemos a postura da simplicidade, na certeza que será dela que nos virá o conhecimento…
Ah humanos …. Único animal a quem foi dada a faculdade de PENSAR, de escolher … porque escolheremos nós o caminho mais tortuoso, que nos perdemos no labirinto da dificuldade, porque nos escondemos e nos perdemos na aposta do não diálogo, no fingimento, no insistir em mostrar o nossa lado orgulhoso…
A existência humana deveria primar pela simplicidade… um acordar simples e feliz, um obrigada por acordar, olhos que vêem a beleza de uma aurora, de uma ave, um campo de flores, um arrozal, um rio, o mar… há quem queira ver…e não pode!!! O mais triste cego será aquele que pode e não quer ver!!!

Hoje fico por aqui mesmo!!

24 Maio 2009

segunda-feira, 6 de julho de 2009

nós e os amores nas nossas vidas

Quantas vezes nos interrogamos se estará a valer a pena ter esquecido, trocado a possibilidade de fazer o possivel por ser feliz.. ter ao nosso lado um companheiro(a)... terá valido a pena ter trocado alguma harmonia em prol dos filhos? confesso que não sei... nao estou certa de nada disso. O vazio... sentimo-lo de igual modo, a incerteza mora em nós, habita o nosso quotidiano de igual modo...nós vamos vivendo o nosso dia a dia, o trabalho felizmente ocupa os nossos pensamentos. Quantos de nós já terão sentido que nada parece fazer sentido sem alguém com quem partilhar problemas, tristezas, dificuldades financeiras, questões no nosso trabalho ou apenas divergências com amigos... também acontece ! A questão está na capacidade de conciliar os diferentes tipos de amor - ou talvez o amor que nos têm, não seja o suficiente para colmatar certas falhas, para se não intrepor entre paredes e pessoas... ninguém é perfeito, os nossos filhos não são perfeitos... os amores que vêm à nossa vida não são perfeitos... todos nos encaixamos e desencaixamos de uma hora para a outra, chegamos a nem perceber bem o porquê... o ser humano é imperfeito, é certo, todos queremos ser amados, todos queremos ter o nosso espaço, difícil é abdicar de vez em quando para manter a tal harmonia... E parece tão simples não é? e quem dá o passo? os filhos? o adulto que entrou nas nossas vidas? todos parecem ter prioridades... todos merecem a cumplicidade... e quem está no meio como fica ? só poderemos concluir que desorientado(a), naturalmente! Ninguém disse que a vida é fácil, mas temos todos que ajudar...não me venham com cantigas de que só uns ou só outros têm a palavra !È preciso dar parte de nós sem nos esquecermos, contudo, da nossa identidade, entender, colocarmo-nos no lugar do outro,(a) como costumo dizer vestir a vida do outro(a), calçar seus sapatos e dar uma volta rua cima fazendo o possivel por sentir a dor nos calcanhares que o(a) outro(a) sente - a isso chamaremos porque não, abertura de espírito, será que concordam ? ou estou a ser demasiado simplista?